sábado, 25 de setembro de 2010

SOBRE LEITURA NA ESCOLA

Esse é um recorte de um estudo que realizei por título “Tratamento Didático do Ensino de leitura e suas Implicações na Formação de Leitores” sob a coordenação da professora Nilsa Brito do curso de letras UFPA\Marabá-Pa.
1.       
1.  Concepções de leitura

A aquisição da leitura é sem dúvida atividade fundamental a vida das pessoas, pois é esta que lhe dar maiores condições de perceber e vivenciar os diferentes saberes de seu universo lingüístico e cultural.
Várias concepções norteiam o conceito de leitura.

Segundo CAGLIARI (1997) a leitura é uma decifração e uma decodificação. O leitor deverá em primeiro lugar decifrar à escrita depois entender a linguagem encontrada, em seguida decodificar todas as implicações que o texto tem, e finalmente, refletir sobre isso e formar o próprio conhecimento e opinião a respeito do que leu.

Neste  caso o autor referia-se de modo particular a leitura lingüística, baseada na convencionalidade da representação gráfica, observa-se, contudo, que mesmo referindo-se a leitura restrita quando este faz menção a ‘formação de conhecimentos próprios’ deixa evidências de que o ato de ler exige mais do que a pura e simples decodificação.

FREIRE (1982) apresenta maiores detalhes desta relação ao afirmar que a leitura de mundo precede a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele.

FERREIRO (1999) na mesma direção diz que a aprendizagem da leitura inicia-se muito antes do que a escola imagina, transcorre por caminhos insuspeitados caminhos.

LAJOLO (1999) afirma que ninguém nasce sabendo ler: aprende-se a ler à medida que se vive. Se ler livros geralmente se aprende nos bancos da escola, outras leituras se aprende por ai, na chamada escola da vida.

Desse modo, a leitura é concebida a partir da manifestação do sujeito sobre o objeto lido e para além do objeto lido.

Perpassa por um processo em que o ponto de partida é o próprio sujeito. Portanto, é uma atividade de caráter subjetiva e social porque tem relação com um contexto mais amplo, com os valores e propriedades instituídas no contexto de produção que permeiam o processo de comunicação

De modo geral pode se dizer que a realização da leitura envolve os mesmos elementos que permeiam o processo de comunicação, a relação comum existente entre um “eu” e um “tu”. Assim como o diálogo se processa pela relação entre seus interlocutores, de igual modo ocorre com a leitura, o que diferencia, porém é que este diálogo é traçado com o texto a partir das impressões deixadas pelo autor e mediatizadas pelo conhecimento de mundo do leitor.


2.     2.   Práticas de Leitura

Segundo GERALDI (1984) a prática de língua portuguesa deveria centrar-se em tr~es práticas básicas: prática de leitura de textos, prática de produção de textos e prática de análise linguistica.

Isto porque segundo ele a integração dessas práticas representa uma tentativa de superação da artificialidade do uso da linguagem na sala de aula. Este entendimento parte da concepção de leitura como processo de interlocução entre leitor\autor mediado pelo texto.

Neste sentido, Geraldi afirma que é por isso que se pode falar em leituras possíveis e é por issso também que se pode falar em leitor maduro.

                Geraldi propõe que se faça um resgate de algumas possíveis posturas do leitor ante o texto, como a leitura busca de informação,a leitura-estudo do texto e a leitura-fruição do texto, pois considera que quaisquer uma dessas posturas possibilita relações de interlocução com o texto\autor.

                Ao discorrer sobre o tratamento didático dado a leitura os PCN’S reforçam a necessidade de fazer com que a leitura deixe de ser objeto de ensino para se tornar objeto de aprendizagem, o que significa trabalhar com a diversidade de objetivos e modalidades que caracterizam a leitura, ou seja os diferentes “para quês” resolver um problema prático, informar-se, divertir-se, estudar, escrever, revisar o próprio texto – e com as diferentes formas de leitura em função de diferentes objetivos e gêneros: ler buscando informações relevantes, ou o significado implícito nas entrelinhas, ou dados para a superação de um problema.
               
                Como proposta didática os PCN’s apresentam como sugestão:
·         A leitura diária;
·         A leitura colaborativa em que o professor lê pros alunos e leva-os a fazerem inferências pela observação das pistas lingüísticas;
·         Os projetos de leitura;
·         As atividades seqüenciadas de leitura;
·         A leitura feira pelo professor, dentre outras.

Estes são procedimentos que se bem explorado possibilitam ao aluno vivenciar diferentes estratégias e modalidades de leitura, além de oportunizar o trabalho com a diversidade textual existente.

3.       Implicações das concepções de leitura e dos procedimentos didáticos a formação de leitores

Diz-se que por traz de qualquer prática existe uma concepção que a norteia mesmo que a pessoa não se dê conta disso. Em se tratando da prática da leitura a forma como se concebe a leitura pode interferir positiva ou negativamente.

Se se parte da concepção de que ler é simplesmente decodificar, converter letras em sons e somente depois extrais uma compreenão, obviamente que a possibilidade de articulação do sujeito com o universo da leitura será bem mais restrito, e deficitário do ponto de vista da construção de leitores proficientes.

Por  outro lado, se entende que a leitura pressupõe a ação ativa do sujeito, no processo de construção do significado do objeto lido, certamente a leitura ganha patamar bem mais abrangente. Pressupõe um processo de interlocução leitor-texto-autor, em que os elementos culturais, ideológicos, filosóficos, etc tanto de um como do outro incidem sobre as leituras possíveis de serem realizadas.

A compreensão ou não desta relação e a apropriação das diferentes possibilidades de leitura conforme os interesses e necessidades do leitor dependem muito da forma como se conduz a prática de leitura na escola.

Diante de práticas artificializadas a probabilidade de formar leitores artificiais é quase inevitável, daí a dificuldade do leitor de processar uma leitura mais compreensiva, de perceber as interfaces de um texto e o jogo discursivo que por ventura possa estar implícito no objeto lido.

É importante, portanto, não perder de vista que a finalidade da prática de leitura na escola é  formar leitores competentes e conseqüentemente, formar escritores.  Não se pode perder de vista a estreita relação entre a leitura, a escrita e a prática de reflexão sobre a língua como pressupõe Geraldi (1984).

Também não se pode ignorar que a leitura é guiada por um objetivo arquitetado pelo leitor, ler para: se informa, se divertir, buscar informações, etc e que conforme o objetivo e o tipo de texto que se lê a leitura pode seguir diferentes estratégias, pode se ler de forma mais atenciosa ou pulando partes, silenciosamente ou em voz alta.

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